sábado, 22 de março de 2014

Tardes

Há muito que não tinha uma tarde de sábado como a de hoje (tão boa!!). 
Apesar de ter passado uma noite terrível, acho que comi alguma coisa que me fez mal ou então fui atacada por algum vírus, a manhã também não foi muito melhor. Ainda tentei trabalhar alguma coisa, mas foi-me completamente impossível (!) e, por isso, passei a maior parte do tempo na cama. Assim, depois de almoço (ainda de pijama vestido) tapei-me com duas mantas (sim, estava frio para isso), estiquei-me no sofá com o computador à frente e lá tratei de adiantar o trabalho de Ética. Mas o melhor da tarde foi mesmo a companhia: o meu mano!!! Também ele tapado com uma manta (nunca foi tão friorento como eu) e o computador apoiado nas pernas, primeiro para ver um jogo de futebol e depois também para trabalhar; lá estivemos os dois toda a tarde entre silêncios, trabalhos, gargalhas e conversas sem sentido, e séries.
Apesar de estar incomodada com a má disposição foi uma das melhores tardes que tive desde há muito, muito tempo!!!
É bom ter tardes assim... ah, e a noite vai pelo mesmo caminho, pelo menos até ele sair para ir ter com os amigos (afinal é sábado!!!).

terça-feira, 11 de março de 2014

Há 5 anos atrás

Lembro-me tão bem do dia de hoje no ano de 2009; do antes e do depois (que ainda continua).

Há um ano que tinha começado a fazer todo o tipo de exames e análises. Antes disso já tinha ficado quase sem andar algumas vezes e já não me lembro quando tinham começado as dores por todo o corpo. 
Entre 2008 e 2009 fiz Raios-X por todo o corpo, fiz TAC´s, Ressonâncias Magnéticas, análises (muitas análises) e isto tudo entre Lamego e Viseu.
Felizmente calhou-me o melhor médico que conheci até hoje; muito atencioso, divertido e, principalmente, com um vocabulário simples e sincero! 
Lembro das palavras exactas que me disse: "Tal como suspeitava desde o início, tens Fibromialgia!". Nunca tinha ouvido falar desta doença, não fazia a menor ideia do que é que ele estava a falar, mas pela expressão que tinha, percebi que era coisa séria. Explicou-me tudo ao pormenor, respondeu a todas as minhas dúvidas e, depois, pediu para chamar o meu pai. Falou com ele, explicou novamente tudo ao pormenor e tirou-lhe todas as dúvidas. Passou receitas, muitas receitas e combinámos nova consulta para Setembro desse mesmo ano.

Na viagem de regresso para Lamego eu vinha lavada em lágrimas e o meu pai não vinha muito melhor. Não dissemos uma única palavra durante todo o caminho. 
Quando chegámos a casa havia a dolorosa tarefa de contar à minha mãe e ao meu irmão. Expliquei-lhes tudo ao pormenor e respondi a todas as dúvidas que tinham. Percebi pelos seus olhares que teria sempre todo o apoio do mundo. Depois fui para o meu quarto pesquisar mais coisas na Internet (a pior coisa que se deve fazer no que toca a doenças!!!). À noite decidi ir ter com o meu grupo de amigos de longa data; precisava de desabafar com alguém de fora de casa. Fui ter ao café e estavam lá todos, sentei-me e contei o meu diagnóstico. Expliquei-lhes tudo ao pormenor e respondi a todas as dúvidas que tinham. No final, todos se levantaram da mesa onde estávamos e foram-se sentar noutra mesa. Eu fui atrás deles e perguntei o que se passava. Eles não me explicaram nada ao pormenor, nem me tiraram qualquer dúvida, apenas disseram que, como eu já não podia acompanhar o ritmo deles, já não podia pertencer mais ao grupo de amigos!!!
Nesse instante fiquei sem chão! Umas horas antes tinham-me diagnosticado uma doença sem qualquer tipo de cura e que me ia acompanhar para toda a vida e, no momento que mais precisava, tinha ficado sem amigos, completamente sozinha... Senti-me abandonada, traída, estúpida, diferente, anormal... Queria que tudo não passasse de um engano, mas não passava. Tive que me adaptar a novas rotinas, à medicação e ao facto de estar sozinha... tudo ao mesmo tempo!

Hoje, passados 5 anos há coisas que ainda me magoam. Já aceitei completamente a doença e já me adaptei às novas rotinas e à medicação diária, mas continuo praticamente sozinha, sem amigos disponíveis para me ouvir e, porque não, tratar de mim. Passo os dias entre o trabalho e a minha casa (e é bom chegar a casa porque tenho lá os meus pais e o meu irmão, aquele apoio incondicional!!!), mas não tenho mais nada nem mais ninguém...
Por culpa minha?! Talvez um pouco; mas não só.... Tenho consciência de que não sou uma pessoa fácil, tenho um feitio muito complicado e o meu ritmo de vida é completamente diferente de um outro jovem de 27 anos e, por isso, sei que não é fácil lidar comigo e com a minha doença; mas acho que não sou assim tão má companhia, não me tornei numa pessoa assim tão "detestável" ao ponto de ninguém se aproximar de mim e construir uma verdadeira amizade... (ou será que sim???).

Há 5 anos atrás a minha vida mudou completamente